A História de Fabio Fava
A história de vida de Fabio Fava foi marcada por seu amor pelo voo. Desde o sonho de infância em ser um astronauta, até a realização do sonho de voar através dos meios possíveis. Como superou as dificuldades em direção à realização dos seus sonhos. A essência é jamais perder a capacidade de sonhar e realizar estes sonhos.
Um ser humano não morre quando deixa de existir.
Ele morre quando deixa de sonhar.
Sem quaisquer patrocínios – apenas o apoio da família e amigos – ele conseguiu realizar seu sonho de voar. Aprendeu que é preciso sonhar com o possível, e a realizar seu sonho dentro de suas possibilidades. E como isso vai te ajudar a voar com mais segurança, que afinal de contas é o que realmente importa para todos nós aqui e agora.
Principais Fatos Históricos
A história de amor de Fabio Fava com o voo vem da infância: a primeira palavra que ele disse foi luz. Nem papai, nem mamãe, mas luz. Segundo sua mãe, desde bebê ainda no colo ele vivia focado no céu, no sol. Tudo o que tem a ver com o espaço, com o céu, com o voo, sempre lhe atraiu de uma forma quase inexplicável.
Rapidamente descobriu que não poderia ser astronauta. Nem piloto de avião. Nem paraquedista profissional. Mas o sonho permanecia presente, era como uma certeza de que tinha nascido para voar. Não se espera que alguém compreenda essa certeza: só quem nasce com ela sabe como é. Algum dia ele haveria de voar.
Uma vez que tenhas experimentado voar, andarás pela terra com os olhos voltados para céu, pois lá estiveste e para lá desejas voltar.
Por mais clichê que seja, é impossível não citarmos a famosa frase de Leonardo da Vinci sobre as sensações do voo. Fabio tinha a certeza que um dia voaria: não sabia como, nem quando, mas era certo.
No início de 1980 a família se muda para Florianópolis, em Santa Catarina: uma linda ilha no sul do Brasil. Com 42 praias é uma cidade muito voltada ao esporte, e foi lá que Fabio teve o contato com os esportes de adrenalina. Primeiro o surfe aos 10 anos, que praticou até começar a voar. Aos 15 anos descobriu o mountain bike downhill, certamente a mais radical de todas as formas de ciclismo. Começava ali uma história de amor pela adrenalina.
No verão de 1996 começaram a surgir os parapentes, e após uma sessão de surf um outro surfista pousou ao lado de Fabio. Em poucos minutos explicou como funcionava o voo, e no dia seguinte a primeira aula de parapente. Em uma semana, os primeiros voos, e a realização do sonho de infância de voar livremente. O que parecia impossível estava acontecendo, e ao voar teve a certeza que realmente sua vida estava ligada ao voo de forma inseparável.
No verão de 1999/2000, esteve passando o verão em Florianópolis um instrutor francês, um dos precursores da moderna acrobacia em parapente. Este instrutor ministrava um curso de treinamento dos eixos de movimento do parapente, e Fabio foi o único interessado. Foram 3 dias de curso, que acabaram virando 3 meses: o custo do treinamento foi pago com a hospedagem do instrutor no verão.
No final daquele verão, Fabio já dominava os movimentos do parapente, e o instrutor lhe disse que levava jeito para as acrobacias. E ali foi plantada a semente do que seria o primeiro piloto brasileiro a se profissionalizar nas acrobacias com o parapente, ainda no ano 2000. No final daquele ano, Fabio participou de seu primeiro evento internacional, na Argentina, onde conheceu os melhores pilotos do mundo da nova geração do parapente acrobático.
Entre 2004 e 2006 Fabio participou de eventos do Circuito Mundial de Parapente Acrobático da FAI – Federação Internacional de Aerodesporto. Em 2004, quando teve algum orçamento próprio para as competições, terminou ano em 8º lugar no Ranking Mundial. Obteve o 4º lugar individual na França e também na Argentina e no Brasil, e o 5º na Itália, melhor colocação de um brasileiro no ranking até então.
Nos anos seguintes, por falta de um bom orçamento pessoal, não conseguiu participar de muitos eventos e com isso não foi capaz de repetir os resultados. Ainda assim, terminou o Acrofolies, na França, em 8º lugar individual em 2005 e em 7º lugar individual em 2006 no mesmo evento. Abandonou as competições naquele ano junto com diversos outros pilotos, quando foi comprovado um esquema de manipulação de resultados em competições mundiais da FAI.
Foi em 2005, durante seus treinamentos em Organyà na Catalunya Espanhola, que Fabio Fava descobriu a conexão mais incrível do parapente acrobático: Rythmic SAT to Infinity Tumbling. Por interesse próprio, pilotos mundiais não admitem ter sido Fabio o descobridor, porém ninguém no mundo clama para si esta descoberta. Estranho? Nem tanto. Tente avaliar os fatos de forma imparcial e a realidade vem à tona de forma incontestável.
Naquela época, os resultados em competições eram manipulados, e uma equipe de pilotos dominava o circuito. Para tentarem manter uma pseudo hegemonia – de serem os primeiros a realizarem todas as manobras – jamais admitiram a descoberta de Fabio. Quem estava lá e participou entre 2004 e 2006, sabe a verdade: o segundo piloto a realizar esta conexão levou meses para atingí-la.
A falta de reconhecimento pela descoberta do Rythmic SAT to Infinity Tumbling desanimou muito. Além dos resultados manipulados por interesses nos bastidores, não ter sua descoberta reconhecida foi um golpe duro. Fabio praticamente parou de voar, tendo acumulado no máximo 20 horas em 2008 e 2009. Tentou Cross Country, mas claramente não era aquele o seu agente motivador. Faltava uma dose maior de adrenalina em um menor período de tempo.
E foi em 2010 que Fabio voltou ao parapente acrobático. Não mais para competir – que na sua opinião desperta o lado mais obscuro do ser humano – mas simplesmente pelo prazer de voar acro. Pela alegria de sentir novamente o sangue cheio de adrenalina fluindo nas veias, o som do vento ao redor do velame e das linhas durante as manobras. Hora de voltar a fazer aquilo para que ele nasceu.
No final de 2010, com o sucesso da Para Pro Air Sports e a representação da U-Turn Brasil, Fabio descobriu que teria as condições para realizar seu antigo sonho: ir para os EUA aprender a saltar de paraquedas. Mais um antigo sonho da juventude que ele poderia realizar às custas do próprio trabalho, de forma ética e honesta, e sempre ajudando ao próximo a realizar seus sonhos se possível. Nosso valor é proporcional ao quanto ajudamos aos outros.
O objetivo era claro desde o início: Fabio sonhava voar a wing suit – o traje com asas – desde que o inventor da versão moderna deste traje, Patrick de Gayardon, voou o primeiro traje com asas no início da década de 1990. Atualmente estes trajes voam de forma bastante decente, se levarmos em conta o aspecto – a relação entre a envergadura e a corda – desta incrível asa inflável que é uma roupa.
Para chegar até o primeiro salto vestindo a wing suit, são necessários 200 saltos de paraquedas. Para quem sonha em voar o traje com asas, o caminho é praticar o máximo possível de Track Jumps – o salto de deslocamento. Mesmo sem um traje especial, pode-se deslocar a um planeio de 0,7:1 usando-se a posição correta de voo. Ou seja, é possível deslocar-se 0,7 metros para a frente, para cada metro que se cai em direção à terra. Parece pouco mas não é.
Em seguida veio o Tracking Suit, que é possível provar a partir de 90 saltos de paraquedas. Este traje é inflável mas não tem asas, é mais difícil de controlar em voo mas muito mais fácil e seguro para o comando do paraquedas: a asa pode atrapalhar neste momento, o que já causou muitos acidente inclusive fatais. Por isso existe um treinamento correto para se chegar até a wing suit.
A preparação de Fabio incluiu quase 100 saltos com a wing suit, sendo 70 deles com o mesmo modelo que iria usar para seu salto de BASE jump, a ser realizado na Europa meses mais tarde. Dentro desta preparação ele realizou dois saltos de balão nos Estados Unidos, de forma a prepará-lo para a saída sem vento. Nos saltos BASE não deve haver vento na saída, para evitar chocar-se contra o objeto (montanha por exemplo) de onde se está saltando.
No avião sempre há muito vento na saída, e no balão – assim como no salto BASE em si – não há nenhum vento na saída. Isso torna os saltos de balão um excelente treinamento para quem deseja saltar BASE no futuro. Não há objeto para bater após o salto, nem após a abertura, e pode-se treinar as técnicas de pilotagem subterminal e após a abertura. Enfim, é algo a se fazer antes de saltar BASE.
Em 17 de Julho de 2012, e com algumas lacunas na fase final do seu treinamento, Fabio Fava fez seu primeiro salto BASE no Monte Brento na Itália. Teve insights de que não deveria saltar com a wing suit, mas apoiado em um sólido treinamento de 2 meses com mais de 100 saltos, optou por saltar usando o traje com asas.
Após uma saída e voo sem erros, Fabio não encontrou o comando do paraquedas – um erro chamado no-pull-find. Conseguiu a extração na segunda tentativa, suficiente para salvar sua vida. Sobreviveu ao grave acidente, com impacto logo após a expansão do paraquedas, que não chegou a inflar completamente.
O salto do acidente foi no Monte Brento, na Itália, e após várias horas de cirurgia, Fabio foi avisado que talvez tivesse que amputar o pé direito. Durante 10 meses fez 5 cirurgias e muita fisioterapia na tentativa de mantê-lo, mas no final acabou optando pela amputação do pé, para uma melhor qualidade de vida e para poder retornar ao voo com asas infláveis, sua grande realização.
O real valor do pé é a sua utilidade, porém os danos foram muito severos para que o pé fosse de grande utilidade. A maior parte dos movimentos seriam perdidos, e uma boa prótese de fibra de carbono lhe permite maior mobilidade e qualidade de vida e a retomada dos esportes aéreos que tanto ama. O retorno ao parapente acrobático foi em 2 meses em Organyà em 2014, e em 2015 Fabio realizou alguns saltos de paraqueda de aviões.
Durante a temporada de parapente na catalunya, praticou 15 minutos no túnel de vento na área de salto de Empuriabrava, onde teve a certeza que daria certo. Os saltos foram Track Jumps, sendo 3 com a Squirrel SUMO, uma Tracking Suit que lhe permitiu retomar o voo humano desde os primeiros saltos de paraquedas após a amputação.
A temporada de retorno ao parapente acrobático terminou na Copa Icaro 2014, onde Fabio cedeu entrevista à maior revista mundial de voo livre, a Cross Country Magazine. Na entrevista ele fala sobre a motivação e superação para retornar à acrobacia em parapente, sobre os equipamentos usados no retorno aos esportes, e sobre a prótese Össur VariFlex Modular – que usa no dia a dia e também para voar e fazer acro de parapente e para saltar de paraquedas.
Fabio está escrevendo um livro – No Fluxo de Ar – contando sua história, seu acidente, a superação das dificuldades para poder retornar aos esportes que ama. E as lições aprendidas neste caminho, que são verdadeiras lições de vida. Também está em produção o documentário Com o Pé Direito, que conta a história do acidente e da superação, e o retorno aos esportes que ama. Nossos associados terão acesso privilegiado a todo este conteúdo quando disponível.